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Abscesso de Coxa

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 29/05/2015

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Quadro Clínico

         Paciente de 48 anos, sexo feminino, portadora de diabetes mellitus e insuficiência renal crônica por nefropatia diabética (com clearance de creatinina estimado em 30), procura atendimento médico por vir evoluindo nas últimas duas semanas com febre diária e dor na perna direita na região da coxa. Ao exame físico encontra-se em Glasgow 15, febril. Ausculta cardíaca normal, bem como ausculta pulmonar. Abdômen globoso, RHA+, sem massas. Membro inferior direito com coxa edemaciada e dolorosa à palpação, com aumento de temperatura local. Apresentava os seguintes sinais vitais: FC de 94bpm, FR 20cpm, PA 120x70mmHg, saturação de oxigênio em 94% em ar ambiente, temperatura de 37,9oC.

         A paciente realizou ressonância nuclear magnética (RNM) de coxa, sendo que podemos ver um corte na imagem 1. A opção por RNM foi em função da insuficiência renal e do quadro ser muscular.

 

Imagem 1  - Ressonância de coxa direita

 

 

Diagnóstico e Discussão

         Pela RNM podemos averiguar a presença de diversas áreas de abscesso em planos profundos da musculatura da coxa e ocupando um grande volume.

Temos neste caso uma chamada Piomiosite complicada com abscessos. Uma piomiosite é uma infecção de musculatura esquelética que normalmente tem origem hematogênica e evolui normalmente com formação de abscessos. Normalmente acomete adultos entre 20 e 45 anos portadores de algum estado de imunossupressão. Isso inclui pacientes HIV, transplantados, cirróticos, diabéticos, usuários de corticóides e imunossupressores, portadores de câncer e insuficiência renal. Trauma e uso de drogas injetáveis configuram fatores de risco adicionais.

         O agente mais envolvido é o S. Aureus, que chega a ser responsável por até 90% dos casos, sendo o restante causado por estreptococos do grupo A.

Os diagnósticos diferenciais mais importantes são tumores, celulite, trombose venosa profunda, artrite séptica e osteomielite.

A suspeita clínica acaba levando à realização de exames de imagem que preferencialmente devem ser RNM.

         O tratamento envolve necessariamente antibióticos parenterais de início, e drenagem dos abscessos, que pode ser percutânea guiada por imagem, mas muitas vezes precisa ser cirúrgica (como ocorreu neste caso). A cobertura com antibióticos deve ser direcionada para gram positivos (principalmente estafilococos), porém por serem pacientes imunocomprometidos em sua maioria, opta-se por cobertura conjunta para gram negativos e anareróbios.

 

Bibliografia

Stevens DL, Bisno AL, Chambers HF, et al. Practice guidelines for the diagnosis and management of skin and soft tissue infections: 2014 update by the infectious diseases society of America. Clin Infect Dis 2014; 59:147.

 

Blumberg HM, Stephens DS. Pyomyositis and human immunodeficiency virus infection. South Med J 1990; 83:1092.

 

Chauhan S, Jain S, Varma S, Chauhan SS. Tropical pyomyositis (myositis tropicans): current perspective. Postgrad Med J 2004; 80:267.

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