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Medicamentos Usados em Cardiopatia Isquêmica

Última revisão: 17/09/2015

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Reproduzido de:

Formulário Terapêutico Nacional 2010: Rename 2010 [Link Livre para o Documento Original]

Série B. Textos Básicos de Saúde

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos

Brasília / DF – 2010

 

13.3  Medicamentos usados em cardiopatia isquêmica

 

Marcus Tolentino Silva

 

A cardiopatia isquêmica é um transtorno da função cardíaca causado por fluxo sanguíneo insuficiente para o tecido muscular do coração. A diminuição do fluxo sanguíneo pode ser devida ao estreitamento das artérias coronárias (doença de artéria coronariana), à obstrução por um trombo (trombose coronariana), ou menos comumente, ao estreitamento difuso de arteríolas e outros vasos pequenos no coração. A interrupção grave do suprimento sanguíneo para o tecido miocárdico pode resultar em necrólise do músculo cardíaco (enfarte do miocárdio). O tratamento da cardiopatia isquêmica tem por objetivo reduzir os sintomas, melhorar a capacidade ao exercício físico, reduzir a frequência de exacerbações agudas e diminuir a mortalidade. A terapia inclui os seguintes grupos farmacológicos: antiagregante plaquetário (ácido acetilsalicílico), betabloqueadores (atenolol e propranolol), bloqueadores dos canais de cálcio (anlodipino e verapamil), inibidores da enzima conversora da angiotensina (enalapril), trombolíticos (estreptoquinase), reguladores da concentração de lipídios (fenofibrato e sinvastatina), anticoagulantes (heparina) e nitratos (isossorbida)

2. Adicionalmente, medidas como redução de peso, restrição do consumo de sal e a adequada atividade física devem ser introduzidas.

A agregação plaquetária é importante na hemostasia e também está envolvida na formação de trombo, principalmente na circulação arterial. Fármacos que reduzem a agregação plaquetária são usados para prevenir eventos tromboembólicos em pacientes que tiveram enfarte do miocárdio, acidente cerebral vascular isquêmico, ataque isquêmico transitório, angina não controlada e na prevenção primária de eventos trombolíticos em pacientes em risco. Adicionalmente, são usados na prevenção da reoclusão ou reestenose subsequente a procedimentos de angioplastia. Ácido acetilsalicílico atua pela inibição irreversível da cicloxigenase 1 e na prevenção da síntese do tromboxano A 2. As melhores provas sugerem que, apesar do risco de hemorragia gastrintestinal, deve ser indicado para homens entre 45 a 79 anos para prevenção de enfarte do miocárdio, assim como para mulheres entre 55 a 79 anos para prevenção de acidente cerebral vascular isquêmico (ver monografia, página 369).

Betabloqueadores são fármacos antagonistas competidores de receptores beta-adrenérgicos, usados no manejo de distúrbios cardiovasculares como hipertensão, angina, arritmia cardíaca, enfarte do miocárdio e insuficiência cardíaca. Revisão sistemática de boa qualidade metodológica revela que o uso prolongado de betabloqueadores em associação a inibidores da enzima conversora da angiotensina melhora sintomas de dispneia e prolonga o período de exercício, apesar de não ter efeito significante no teste de caminhada de seis minutos ou na pressão parcial de oxigênio do sangue venoso. Atenolol é betabloqueador cardiosseletivo relacionado à baixa atividade simpaticomimética e a propriedades de equilíbrio de membrana. Provas indicam que sua utilização como monofármaco no tratamento da angina não controlada apresenta melhor perfil de segurança do que o nifepidino, assim como da associação nifepidino + atenolol. Propranolol é um betabloqueador não-cardiosseletivo com propriedades de equilíbrio de membrana e sem atividade simpaticomimética intrínseca. Ensaios clínicos de moderada qualidade metodológica revelam sua utilidade no tratamento da angina6 (ver monografias, página 411 e página 594).

O principal uso de bloqueadores dos canais de cálcio é no tratamento da angina e hipertensão, assim como em arritmias cardíacas. Seus principais efeitos incluem: dilatação das artérias coronárias e das artérias e arteríolas periféricas com pouco ou nenhum efeito no tônus venoso; ação inotrópica negativa; redução da frequência cardíaca; e diminuição da condução do nodo atrioventricular. Anlodipino é uma di-hidropiridina bloqueadora dos canais de cálcio com ação símile ao nifedipino. O uso do medicamento está associado a uma menor incidência de acidente cerebrovascular e enfarte do miocárdio do que outros anti-hipertensivos, como os inibidores da enzima conversora da angiotensina, ou placebo, conforme revelou revisão sistemática de boa qualidade metodológica. Verapamil é uma fenilalquilamina bloqueadora dos canais de cálcio e um antiarrítmico. O fármaco induz vasodilatação coronária e periférica e inibe o espasmo arterial coronário. Comparado aos demais bloqueadores dos canais de cálcio, o verapamil é seguro e eficaz na proteção pós-enfarte na ausência de insuficiência cardíaca preexistente (ver monografias, página 424 e página 607).

Inibidores da enzima conversora da angiotensina são fármacos anti-hipertensivos que atuam como vasodilatadores e reduzem a resistência periférica. São usados no tratamento da hipertensão e insuficiência cardíaca, assim como no pós-enfarte do miocárdio e na profilaxia de eventos cardiovasculares em pacientes com certos fatores de risco. Enalapril é o representante do grupo usado no tratamento primário da insuficiência cardíaca e em todos os estádios da insuficiência cardíaca crônica para prevenir a deterioração e progressão da doença cardíaca. Seu uso associado a um diurético no tratamento da insuficiência cardíaca requer precaução, por causa do risco de edema pulmonar de rebote. Grandes ensaios clínicos e meta-análise de estudos pequenos revelam que o uso do medicamento em pacientes sintomáticos com insuficiência cardíaca aumenta a sobrevida, reduz a admissão em hospital, melhora a função cardíaca e a qualidade de vida (ver monografia, página 824).

Trombolíticos são usados no tratamento de distúrbios tromboembólicos como enfarte do miocárdio, tromboembolismo de artéria periférica, tromboembolismo venoso e no acidente cerebrovascular encefálico. Também são usados na desobstrução de cânulas e cateteres. Estreptoquinase ajuda a restaurar a perfusão assim como alivia a isquemia cardíaca no manejo do enfarte do miocárdio. A estreptoquinase comparada a outros trombolíticos apresenta menor incidência de acidente cerebrovascular no uso inicial, apesar de maior risco de reações alérgicas, mostrado por revisão sistemática de boa qualidade metodológica (ver monografia, página 670).

Medicamentos reguladores da concentração de lipídios são usados no manejo da hiperlipidemia (ver também item 14.7) e para a redução do risco cardiovascular. Fenofibrato é derivado do ácido fíbrico usado no tratamento das hiperlipidemias, que induz a redução da concentração de lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), aumenta a concentração de lipoproteínas de alta densidade (HDL) e possui efeitos com variedade na concentração de lipoproteínas de densidade baixa (LDL). Revisão sistemática de boa qualidade metodológica revela o efeito de classe dos fibratos no perfil lipídico e em desfechos cardiovasculares; o fenofibrato está associado à importante redução da incidência de enfarte do miocárdio e deve ser usado como opção em pacientes que não têm tolerância ou são resistentes às estatinas, em pacientes com hipertrigliceridemia ou como adjuvante ao tratamento com estatina. Sinvastatina é o principal representante das estatinas e é o fármaco com maior efetividade na diminuição da concentração de lipídios, por meio da inibição da enzima responsável pela síntese do colesterol, aumentando a depuração do LDL sanguíneo e aumentando discretamente a concentração de HDL. Revisão sistemática de boa qualidade metodológica revela o efeito de classe das estatinas na prevenção primária e secundária de efeitos coronários, pois reduz a mortalidade associada a eventos cardiovasculares, assim como a incidência de enfarte do miocárdio fatal, enfarte do miocárdio não-fatal e acidente cerebrovascular não hemorrágico (ver monografias, página 701 e página 938).

Anticoagulantes são usados no tratamento e profilaxia de distúrbios tromboembólicos. Heparina é um anticoagulante direto que inibe a coagulação sanguínea pelo aprimoramento da ação da ação da antitrombina III que inibe a atividade dos fatores de coagulação. Revisão sistemática de boa qualidade metodológica revela que o seu uso é seguro e efetivo em comparação a outros tratamentos anticoagulantes, quando são considerados os desfechos hemorragia e morte  (ver monografia, página 756).

Os nitratos são vasodilatadores periféricos e coronários usados no manejo da angina, insuficiência cardíaca e enfarte do miocárdio. Apesar de não haver provas provenientes de ensaios clínicos, existe consenso que o uso de nitrato, associado ou não a betabloqueador e/ou bloqueador dos canais de cálcio, é efetivo e seguro no tratamento dos sintomas da angina controlada e na qualidade de vida. Há provas de que o uso de nitratos reduz mortalidade e melhora sintomas em casos de enfarte do miocárdio (com elevação do segmento ST) em pessoas que não receberam trombolíticos. Mono e dinitrato de isossorbida são vasodilatadores com as propriedades gerais dos nitratos. A forma mononitrato (comprimido para administração oral e solução injetável) é metabólito ativo da forma dinitrato (comprimido sublingual) indicado para crise anginosa. Além dos efeitos de classe já citados, existem provas provenientes de ensaios clínicos que sua associação com hidralazina pode melhorar a sobrevida e a percepção da qualidade de vida em pessoas com insuficiência cardíaca congestiva crônica (ver monografias, página 858 e página 645).

 

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