Editorial MedicinaNET - Dezembro - 2015

O perigo está à solta, nas asas de um mosquito

Neste último ano passamos por um das maiores epidemias de dengue na história do nosso país. Houve grande dificuldade para reverter a situação e os pronto-socorros de instituições públicas e privadas ficaram absolutamente lotados.

Mas parece que 2016 promete mais problemas causados por doenças transmissíveis pelo Aedes aegypti.

Recentemente, vimos no noticiário que há uma “epidemia” de microcefalia no Nordeste. Foram 487 casos nas últimas semanas. E o Ministério da Saúde confirmou que existe uma relação entre essa epidemia e o Zika vírus, que também é transmitido pelo Aedes. Esse é um dado inédito na literatura médica, e isso motivou uma notificação à Organização Mundial da Saúde. O CDC dos EUA, inclusive, já está no Brasil; participarão das investigações. Ou seja, o assunto preocupa o mundo todo. No início de 2015, o Zika era considerado um problema menor, sem relação com mortes. Mas já temos  mortes confirmadas pelo Zika vírus, sendo a última no Pará.

E não para por aí. O governador de Pernambuco e o prefeito de Recife decretaram situação de emergência, já agora, por conta do aumento de casos de Chikungunya e Zika. Mais uma vez, culpa do Aedes.

E a epidemia de dengue já está anunciada. No inverno de 2015 não houve queda substancial de casos. Normalmente, os casos chegam praticamente a zero no inverno. Não foi o que ocorreu este ano.  Isso demonstra o potencial que a doença poderá ter no verão, quando normalmente  atinge os maiores picos.

Temos a perspectiva de uma vacina para dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantã,mas enquanto não temos essa vacina, a preocupação persiste.

Sem uma mobilização pesada do poder público e da sociedade, o Aedes vai continuar sendo o agente de grandes problemas de saúde pública nesse país. Tememos pelo pior em 2016. Vamos torcer.

Os Editores