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Risco de Hipotensão na Associação de Macrolídeos com Bloqueadores de Canal de Cálcio

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 27/01/2011

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Risco de Hipotensão seguido da Prescrição Conjunta de Antibióticos Macrolídeos e Bloqueadores de Canal de Cálcio1 [link para o artigo]

 

Fator de Impacto (Canadian Medical Association Journal): 7,271

 

Contexto

Os macrolídeos, em especial a ERITROMICINA e a CLARITROMICINA, causam a inibição do citocromo P450, e a consequência desta inibição, é que drogas que são metabolizadas por este citocromo podem acumular na circulação e gerar efeitos colaterais potencialmente graves. Uma classe de medicações muito usada (pois são utilizadas em hipertensos e coronarianos), e que depende do P450 para ser metabolizada são os bloqueadores de canal de cálcio (BCC). Há casos descritos na literatura mostrando que usuários de BCC sofrem efeitos cardiovasculares graves na vigência de eritromicina ou claritromicina. Esses efeitos não são observados com o uso de Azitromicina (pois não inibe o citocromo P450).

 

O Estudo e seus Resultados

Foi realizado um estudo de coorte em Ontário, Canadá, com pacientes com mais de 65 anos de idade. Foram incluídos no estudo pacientes usuários de BCC (verapamil, diltiazem, nifedipina, anlodipina e felodipina) que haviam sido hospitalizados por hipotensão ou choque. Foram comparados os grupos que usaram ou não os macrolídeos (eritromicina, claritromicina e azitromicina). Em um total de 7100 usuários de BCC admitidos a um hospital, 176 receberam macrolídeos em seu tratamento. O risco de hipotensão em pacientes usuários de BCC foi avaliado conforme o macrolídeo prescrito.

 

Tabela 1. Associação entre os macrolídeos e o risco de hipotensão em usuários de BCC

Antibiótico

OR

IC 95%

P

Eritromicina

5,80

(2.25–14.98)

<0,001

Claritromicina

3,70

(2.26–6.06)

<0,001

Azitromicina

1,50

(0.8–2.82)

0,21

 

Tabela 2. Associação entre os macrolídeos e o risco de hipotensão em usuários de BCC (exclusivamente nifedipina, anlodipina ou felodipina)

Antibiótico

OR

IC 95%

P

Eritromicina

3,40

(1.25–2.78)

0,01

Claritromicina

4,25

(2.23–7.97)

<0,001

Azitromicina

1,20

(0.52–2.78)

0,67

 

Comentários e Aplicação Prática

O estudo é interessante, pois procurou avaliar de forma mais rigorosa algo que era apenas descrito em relatos de casos. Os resultados mostrando o maior risco de hipotensão em pacientes usuários de todo tipo de bloqueadores de canal de cálcio (BCC) que tomaram macrolídeos. Entretanto isso só ocorreu com a ERITROMICINA e a CLARITROMICINA. A Azitromicina se mostrou segura, e a explicação farmacológica faz sentido nos resultados encontrados, já que é o único dos 3 macrolídeos que não interage com o citocromo P450.

O estudo tem suas limitações, pois não se sabe quais pacientes eram de fato aderentes ao uso dos BCC, ou o quanto da hipotensão não era por uma grande disfunção orgânica no contexto de uma sepse grave.

Entretanto, devido a uma base fisiopatológica bem descrita e à presença de valores importantes de odds ratio que foram encontrados neste estudo, é razoável procurar evitar o uso de claritromicina ou eritromicina (essa, já bem menos utilizada nos dias de hoje) em pacientes usuários de bloqueadores de canal de cálcio, dando prioridade ao uso de AZITROMICINA, que conta inclusive com a vantagem de posologia, sendo necessária apenas uma tomada ao dia.

 

Bibliografia

1.   Wright AJ, Gomes T, Mamdani MM, et al. The risk of hypotension following co-prescription of macrolide antibiotics and calcium-channel blockers. CMAJ 2011; DOI:10.1503/cmaj.100702

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