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Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico - Campanha “5 Milhões de Vidas”

Autor:

Lucas Santos Zambon

Doutorado pela Disciplina de Emergências Clínicas Faculdade de Medicina da USP; Médico e Especialista em Clínica Médica pelo HC-FMUSP; Diretor Científico do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP); Membro da Academia Brasileira de Medicina Hospitalar (ABMH); Assessor da Diretoria Médica do Hospital Samaritano de São Paulo.

Última revisão: 13/12/2009

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Pontos Importantes sobre Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC)

 

         Nos EUA, a taxa de ISC em cirurgias limpas é em média 2 a 3% (para cirurgias Classe I do CDC = Limpa), sendo estimado que 40 a 60% dessas ocorrências sejam evitáveis.

         A revisão da literatura médica mostra que os seguintes componentes de cuidados reduzem a incidência de ISC: uso racional de antibiótico-profilaxia, tricotomia adequada; controle glicêmico no pós-operatório para pacientes de cirurgia cardíaca; manutenção de normotermia em pós-operatório de cirurgia colorretal. A implantação confiável destes componentes pode reduzir drasticamente a incidência de ISC, resultando em muitos casos, na eliminação, quase completa, das infecções evitáveis em sítio cirúrgico.

         Uma revisão de 34.133 prontuários, realizada com o patrocínio do Centers for Medicare & Medicaid Services (CMS - EUA) demonstrou a existência de oportunidades significativas de melhorias na prevenção de ISC. Em relação ao uso racional de antibiótico-profilaxia, a revisão dos prontuários demonstrou o seguinte:

ü  Seleção adequada de antibiótico ocorreu em 92.6% dos casos;

ü  Antibióticos eram administrados em até 1 hora antes da incisão em 55,7% dos pacientes;

ü  A antibiótico-profilaxia era interrompida dentro de 24 horas do término da cirurgia em somente 40,7% dos pacientes.

 

Meta da Intervenção

            Prevenir infecções em sítio cirúrgico (ISC) através da implementação de alguns componentes de assistência.

 

Indicadores

            Recomendam-se seis indicadores de processo /desempenho para a Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico:

 

1.     Porcentagem de pacientes que receberam antibiótico-profilaxia no tempo correto;

2.     Porcentagem de pacientes com antibiótico-profilaxia adequadamente suspensa;

3.     Porcentagem de pacientes com antibiótico-profilaxia adequada para o procedimento;

4.     Porcentagem de pacientes com tricotomia adequada;

5.     Porcentagem de cirurgias cardíacas de grande porte com controle glicêmico no pós-operatório;

6.     Porcentagem de cirurgias colorretais com normotermia na Recuperação Pós-Anestésica (RPA).

 

Recomenda-se um indicador de resultado para a Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico:

 

         Taxa de Infecção de Ferida em Cirurgia Limpa

 

Programa para Prevenção de Infecção de Sítio Cirúrgico

 

1.     Uso Racional de Antibiótico-Profilaxia

            Centenas de times em hospitais por todos os Estados Unidos desenvolveram e testaram alterações em processos e sistemas que resultaram no aprimoramento da performance dos indicadores de utilização de antibióticos. Algumas destas alterações são:

 

         Utilização de requisições pré impressas ou computadorizadas especificando o antibiótico, horário, dose e suspensão.

         Desenvolvimento de protocolos conjuntos para farmácia/enfermagem que incluam a seleção do antibiótico e de sua dose baseado no tipo de cirurgia e especificidades do paciente.

         Alterações dos estoques de medicamentos no centro cirúrgico, de modo a incluir apenas doses e medicamentos padronizados baseados em guidelines.

         Transferência da responsabilidade da dose para o anestesista ou enfermeiro.

         Engajamento dos colaboradores da farmácia e CCIH para garantir adequação dos horários, seleção e duração.

         Checagem da hora da administração pré-procedimento, para permitir a tomada de ação caso o antibiótico não tenha sido administrado.

 

2.     Tricotomia Adequada

            Há muitos anos sabe-se que a utilização pré-operatória de lâminas de barbear aumenta a incidência de infecções em ferida cirúrgica quando comparada ao corte, depilação e até a não realização de tricotomia. Lâminas de barbear podem causar pequenos cortes na pele, muitos dos quais microscópicos, portanto invisíveis ao olho humano. Entretanto, muitos times que vem trabalhando neste indicador, identificaram que a utilização de lâminas de barbear em suas instituições pode variar de zero a quase 100%.

            Apesar de desnecessária em muitos procedimentos, a tricotomia tem sido realizada há muitos anos, submetendo-se os pacientes a extensiva raspagem pré-operatória de pelos. Sempre que a tricotomia é necessária para segurança do procedimento, ela não deve ser realizada com lâmina. A utilização de tricotomizadores tem sido o melhor método para muitos hospitais, uma vez que os cremes depilatórios podem causar alergias. Os colaboradores devem ser treinados para a utilização de tesouras, pois seu uso inapropriado pode lesar a pele. Sempre que a tricotomia for necessária recomenda-se que não seja realizada na sala de cirurgia dado o difícil controle dos pelos perdidos.

 

3.     Controle Glicêmico em Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca

            A revisão da literatura médica mostra que o grau de hiperglicemia no período pós-operatório correlaciona-se com a taxa de infecção de sítio cirúrgico em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas maiores. Há artigos que demonstram que o controle vigoroso de glicemia em pacientes cirúrgicos não cardíacos em terapia intensiva reduz mortalidade, embora outros estudos questionem estes benefícios.

 

*NOTA: “Controle glicêmico” é definido como glicose sérica inferior a 200mg/dl, coletada o mais próximo possível das 6 horas da manhã, nos 2 primeiros dias de pós-operatório.

 

4.     Manutenção da Normotermia em Pós-operatório de Cirurgia Colorretal

            A literatura médica indica que pacientes submetidos à cirurgia colorretal apresentam menor risco de infecção em sítio cirúrgico quando não submetidos a hipotermia perioperatória. Anestesia, ansiedade, preparações molhadas para a pele e exposição ao ambiente frio da sala cirúrgica podem causar hipotermia durante ou após a cirurgia. Há evidências demonstrando que a prevenção de hipotermia tem impacto em outras complicações, além de ser claramente mais confortável para o paciente.

 

*NOTA: Este componente não se aplica a pacientes submetidos à hipotermia terapêutica (ex: cardioplegia hipotérmica).

 

Referências

1.     Institute of Healthcare Improvement – Campanha 5 Milhões de Vidas – http://www.ihi.org/IHI/Programs/Campaign/

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