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Varicela Herpes Zóster

Última revisão: 31/05/2009

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Reproduzido de:

Dermatologia na Atenção Básica de Saúde / Cadernos de Atenção Básica Nº 9 / Série A - Normas de Manuais Técnicos; n° 174 [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Políticas de Saúde

Departamento de Atenção Básica

Área Técnica de Dermatologia Sanitária

BRASÍLIA / DF – 2002

 

Varicela / Herpes Zóster

CID-10: B01 E B02

 

DESCRIÇÃO DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Varicela

É uma infecção viral primária, aguda, caracterizada por surgimento de exantema de aspecto máculo-papular, de distribuição centrípeta, que, após algumas horas, adquire aspecto vesicular, evoluindo rapidamente para pústulas e, posteriormente, formando crostas em 3 a 4 dias. Pode ocorrer febre moderada e sintomas sistêmicos. A principal característica clínica é o polimorfismo das lesões cutâneas, que se apresentam nas diversas formas evolutivas, acompanhadas de prurido. Em crianças, geralmente, é uma doença benigna e autolimitada.

 

Figura 1: Varicela.

 

Herpes Zóster

Geralmente, é decorrente da reativação do vírus da varicela em latência, ocorrendo em adultos e pacientes imunocomprometidos, como portadores de doenças crônicas, neoplasias, aids e outras. O herpes zóster tem quadro pleomórfico, causando desde doença benigna até outras formas graves, com êxito letal. Após a fase de disseminação hematogênica, em que atinge a pele, caminha centripetamente pelos nervos periféricos até os gânglios nervosos, onde poderá permanecer, em latência, por toda a vida. Causas diversas podem levar a uma reativação do vírus, que, caminhando centrifugamente pelo nervo periférico, atinge a pele, causando a característica erupção do herpes zóster. Excepcionalmente, há pacientes que desenvolvem herpes zóster após contato com doentes de varicela e, até mesmo, com outro doente de zóster, o que indica a possibilidade de uma reinfecção em paciente já previamente imunizado. É também possível uma criança adquirir varicela por contato com doente de zóster.

O quadro clínico do herpes zóster é, quase sempre, típico. A maioria dos doentes refere, antecedendo às lesões cutâneas, dores nevrálgicas, além de parestesias, ardor e prurido locais, acompanhados de febre, cefaléia e mal-estar. A lesão elementar é uma vesícula sobre base eritematosa. A erupção é unilateral, raramente ultrapassando a linha mediana, seguindo o trajeto de um nervo. Surgem de modo gradual, levando de 2 a 4 dias para se estabelecerem. Quando não ocorre infecção secundária, as vesículas se dissecam, formam-se crostas e o quadro evolui para a cura em 2 a 4 semanas. As regiões mais comprometidas são a torácica (53% dos casos), cervical (20%), trigêmeo (15%) e lombossacra (11%). Em pacientes imunossuprimidos, as lesões surgem em localizações atípicas e, geralmente, disseminadas. O envolvimento do VII par craniano leva a uma combinação de paralisia facial periférica e rash no pavilhão auditivo, denominado síndrome de Hawsay-Hurt, com prognóstico de recuperação pouco provável. O acometimento do nervo facial (paralisia de Bell) apresenta a característica de distorção da face. Lesões na ponta e asa do nariz sugerem envolvimento do ramo oftálmico do trigêmio com possível comprometimento ocular. Nos pacientes com Herpes Zóster disseminado e/ou recidivante é aconselhável fazer sorologia para HIV, além de pesquisar neoplasias malignas.

 

SINONÍMIA DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Catapora, “tatapora”, fogo que salta (varicela). Cobreiro (herpes zóster).

 

ETIOLOGIA DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

É um vírus RNA. Vírus Varicella-Zóster, família Herpetoviridae.

 

RESERVATÓRIO

O homem.

 

MODO DE TRANSMISSÃO DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Pessoa a pessoa, através de contato direto ou através de secreções respiratórias e, raramente, através de contato com lesões. Transmitida indiretamente através de objetos contaminados com secreções de vesículas e membranas mucosas de pacientes infectados.

 

PERÍODO DE INCUBAÇÃO

Entre 14 a 16 dias, podendo variar entre 10 a 20 dias após o contato. Pode ser mais curto em pacientes imunodeprimidos e mais longo após imunização passiva.

 

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Varia de 1 a 2 dias antes da erupção até 5 dias após o surgimento do primeiro grupo de vesículas. Enquanto houver vesículas, a infecção é possível.

 

COMPLICAÇÕES DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Infecção bacteriana secundária de pele: impetigo, abscesso, celulite, erisipela, causadas por S. aureus, Streptococcus pyogenes, que podem levar a quadros sistêmicos de sepse, com artrite, pneumonia, endocardite. Encefalite ou meningite e glomerulonefrite. Pode ocorrer Síndrome de Reye, caracterizada por quadro neurológico de rápida progressão e disfunção hepática, associado ao uso de ácido acetilsalicílico principalmente em crianças. Infecção fetal, durante a gestação, pode levar à embriopatia, com síndrome da varicela congênita (varicela neonatal, em recém nascidos expostos, com micro-oftalmia, catarata, atrofia óptica e do sistema nervoso central). Imunodeprimidos podem ter a forma de varicela disseminada, varicela hemorrágica (Figura 2). Nevralgia pós-herpética: definida como dor persistente por 4 a 6 semanas após a erupção cutânea. Sua incidência é claramente associada à idade, atingindo cerca de 40% dos indivíduos acima de 50 anos. É mais freqüente em mulheres e após comprometimento do trigêmeo.

 

Figura 2: Varicela hemorrágica.

 

 

DIAGNÓSTICO DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Principalmente através do quadro clínico-epidemiológico. O vírus pode ser isolado das lesões vesiculares durante os primeiros 3 a 4 dias de erupção ou identificado através de células gigantes multinucleadas em lâminas preparadas a partir de material raspado da lesão, pela inoculação do líquido vesicular em culturas de tecido. Aumento em quatro vezes da titulação de anticorpos por diversos métodos (imunofluorescência, fixação do complemento, ELISA), que, também, são de auxílio no diagnóstico. O PCR tem sido empregado.

 

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Varíola (erradicada), coxsackioses, infecções cutâneas, dermatite herpetiforme de During Brocq, riquetsioses.

 

TRATAMENTO DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Sintomático. Anti-histamínicos sistêmicos para atenuar o prurido e banhos de permanganato de potássio na diluição de 1:40.000. Havendo infecção secundária, recomendase o uso de antibióticos sistêmicos. Varicela em crianças é uma doença benigna, em geral não sendo necessário tratamento específico.

 

Tópico

Compressas de permanganato de potássio (1:40.000) ou água boricada a 2%, várias vezes ao dia.

 

Específico

Antivirais: aciclovir - em crianças, quando indicado, 20 mg/kg/dose, VO, 4 vezes ao dia, dose máxima 800 mg/dia, durante 5 dias. Adultos: aciclovir, em altas doses, 800 mg, VO, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. Seu uso está indicado apenas para casos de varicela de evolução moderada ou severa em maiores de 12 anos, com doença cutânea ou pulmonar crônica. Não está indicado seu uso em casos de varicela não complicada, sendo discutível a utilização em gestantes. Crianças imunocomprometidas não devem fazer uso de aciclovir oral. Aciclovir intravenoso é recomendado, em pacientes imunocomprometidos ou em casos graves, na dosagem de 10 mg/kg, a cada 8 horas, infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias. Seu uso está indicado, com restrições, em gestantes com complicações graves de varicela. Outros antivirais têm sido indicados. A nevralgia pós-herpética (NPH) é uma complicação freqüente (até 20%) da infecção pelo herpes zóster, que se caracteriza pela refratariedade ao tratamento. A terapia antiviral específica, iniciada dentro de 72 horas após o surgimento do rash, reduz a ocorrência da NPH. O uso de corticosteróides, na fase aguda da doença, não altera a incidência e a gravidade do NPH, porém reduz a neurite aguda, devendo ser adotada em pacientes sem imunocomprometimento. Uma vez instalada a NPH, o arsenal terapêutico é enorme, porém não há uma droga eficaz para seu controle. São utilizados: creme de capsaicina, 0,025% a 0,075%; lidocaína gel, a 5%; amitriplina, em doses de 25 a 75 mg, VO; carbamazepina, em doses de 100 a 400 mg, VO; benzodiazepínicos; rizotomia, termocoagulação e simpatectomia.

 

CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

A varicela é uma doença benigna, mas altamente contagiosa, que ocorre principalmente em menores de 15 anos de idade. É mais freqüente no final do inverno e início da primavera. Indivíduos imunocomprometidos, quando adquirem varicela primária ou recorrente, possuem maior risco de doença grave. A taxa de ataque para síndrome de varicela congênita, em recém-nascidos de mães com varicela no primeiro semestre de gravidez, é 1,2%; quando a infecção ocorreu entre a 13ª e 20ª semanas de gestação é de 2%. Recém-nascidos que adquirem varicela entre 5 a 10 dias de vida, cujas mães infectaram-se cinco dias antes do parto e dois dias após o mesmo, estão mais expostos à varicela grave, com a letalidade podendo atingir 30%. A infecção intrauterina e a ocorrência de varicela antes dos 2 anos de idade estão relacionadas à ocorrência de zóster em idades mais jovens. Herpes Zóster e Aids: a partir de 1981, o herpes zóster passou a ser reconhecido como uma infecção freqüente em pacientes portadores de HIV. Posteriormente, observações epidemiológicas demonstraram ser uma manifestação inicial de infecção pelo HIV, cuja ocorrência é preditiva de soropositividade para HIV, em populações de risco. A incidência de herpes zóster é significativamente maior entre indivíduos HIV positivos que entre os soro negativos (15 vezes mais freqüente nos primeiros). A incidência cumulativa de zóster por 12 anos após a infecção pelo HIV foi de 30%, ocorrendo segundo uma taxa relativamente constante, podendo ser manifestação precoce ou tardia da infecção pelo HIV. Complicações, como retinite, necrose aguda de retina e encefalite progressiva fatal, têm sido relatadas com mais freqüência em pacientes HIV positivos.

 

OBJETIVOS DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Fazer isolamento dos casos visando impedir a disseminação da doença.

 

NOTIFICAÇÃO

Não é doença de notificação compulsória.

 

MEDIDAS DE CONTROLE DA VARICELA E DO HERPES ZÓSTER

Vacinação

Indicações: não faz parte do calendário básico de vacinações, mas pode ser utilizada entre 1 e 13 anos de idade. Após essa faixa etária, o seu uso está restrito a indivíduos com risco elevado de formas graves da doença. Utilizada até três dias após a exposição, pode prevenir a ocorrência de doença no contato. Crianças de 12 meses a 12 anos: dose única de 0,5 ml, via subcutânea. Acima de 12 anos: deve ser administrada em duas doses de 0,5 ml, com intervalo de 4 a 8 semanas, via subcutânea.

      Contraindicações: pacientes imunodeprimidos como imunode-ficiência congênita, discrasias sangüíneas, leucemia, linfomas, infecção HIV, uso de corticosteróides, gravidez, história de reação anafilática à neomicina. Só deverá ser administrada 5 meses após uso de imunoglobulinas ou transfusões sangüíneas.

 

Imunoglobulina Hiperimune Anti-Varicela Zóster

125 UI, IM, para cada 10 kg de peso. A dose máxima é 625 UI. Indicada para indivíduos susceptíveis sob alto risco de desenvolver varicela severa, nas seguintes condições: recém-nascidos expostos à mãe com varicela adquirida 5 dias dias antes do parto ou dois dias após; gestantes sem história anterior de varicela, devendo ser aplicada até 96 horas após a exposição. Não é efetiva após estabelecimento da doença. Crianças imunocomprometidas, em uso de drogas imunossupressoras.

 

Medidas Gerais

Lavar as mãos após tocar lesões potencialmente infecciosas.

 

Medidas Específicas

Isolamento: crianças com varicela não complicada podem retornar à escola no 6º dia após o surgimento do rush cutâneo. Crianças imunodeprimidas ou que apresentam curso clínico prolongado só deverão retornar às atividades após o término da erupção vesicular. Pacientes internados: isolamento. Desinfecção: concorrente dos objetos contaminados com secreções nasofaríngeas.

 

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