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Eletrocardiograma 59

Autores:

Fernando de Paula Machado

Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Residência em Clínica Médica no Hospital das Clínicas da FMUSP (HC-FMUSP). Residência em Cardiologia pelo Instituto do Coração (InCor) do HC-FMUSP. Médico Diarista do Pronto-Atendimento do Hospital Sírio-Libânes.

Leonardo Vieira da Rosa

Médico Cardiologista pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Médico Assistente da Unidade de Terapia Intensiva do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Doutorando em Cardiologia do InCor-HC-FMUSP. Médico Cardiologista da Unidade Coronariana do Hospital Sírio Libanês.

Última revisão: 01/04/2019

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Quadro Clínico

            Mulher de 35 anos com febre, calafrios e queda do estado geral há 10 dias.  Apresenta os seguintes exames:

 

Eletrocardiograma

 

Ecocardiograma

 

ECG 4 dias após

 

Ver diagnóstico abaixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Diagnóstico

O primeiro eletrocardiograma demonstra ritmo de marcapasso, em modo VVI (ondas P dissociadas), em paciente com diagnóstico prévio de BAVT congênito.

Um mês antes dos primeiros sintomas, a paciente foi submetida à troca de gerador por exaustão do marcapasso. No início da febre, astenia e calafrios, a paciente realizou ecocardiograma transtorácico, justamente por suspeita de endocardite, já que apresentava no local da troca do gerador hiperemia local com saída de secreção purulenta. As imagens ecocardiográficas demonstram a presença de vegetação na face atrial direita, justaposta ao cabo do marcapasso.

A conduta foi o explante de todo sistema (gerador + cabos) e início de antibioticoterapia sistêmica. As hemoculturas evidenciaram presença de S. aureus oxacilina-sensíveis.

O segundo eletrocardiograma apresenta BAVT total com dissociação das ondas P (BAVT congênito).

 

Discussão

A etiologia do bloqueio AV congênito não é completamente compreendida. A frequente associação de colagenoses, clínica e/ou sorológica, nas mães de pacientes com BAVT congênito isolado, é a base para a sustentação da idéia de doença congênita. As colagenoses mais comumente encontradas nas mães dos pacientes acometidos são o lupus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjogren, artrite reumatóide e dermatomiosite. Estudos em autopsias de crianças com BAVT congênito relacionado a colagenose materna tem mostrado fibrose do nodo sinusal, nodo AV, sistema de condução e, muitas vezes, calcificações distróficas do endocárdio. Estes achados evidenciam que em muitos casos existe associação com fatores imunológicos maternos capazes de cruzar a barreira hematoplacentária. Os sintomas nos pacientes com BAVT, sem outras anomalias cardíacas estruturais associadas, variam desde a ausência dos mesmos até a morte súbita, passando por síncope, intolerância ao exercício ou insuficiência cardíaca. Esta grande diversidade depende diretamente da frequência do ritmo de escape juncional ou ventricular.

 

Tratamento

A conduta terapêutica se relaciona com a idade do paciente. No que diz respeito ao tratamento de fetos há pouca experiência. Quando estes apresentarem sinais de sofrimento e/ou insuficiência cardíaca, parto deve ser realizado tão logo haja condições obstétricas seguras.

Em crianças acima de um ano a decisão em relação ao implante de marcapasso é menos clara e, geralmente, as maiores são acompanhadas por ergometria e Holter para avaliação do aumento da intolerância ao exercício, de arritmias e da frequência cardíaca. Pacientes nos quais a atividade física está comprometida devem receber implante de marcapasso. O teste ergométrico é valioso na determinação da intolerância ao exercício, assim como na avaliação de ectopias ventriculares. Tanto a síncope quanto a morte súbita nestas crianças podem ser causadas por arritmia ventricular ou bradicardia severa.

 

QUANTO À SINTOMALOGIA

QUANTO AO IMPLANTE DE MARCAPASSO

SINTOMÁTICOS

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INDICADO A TODOS

ASSINTOMÁTICOS

FC > 50 bpm

NÃO INDICADO

Realizar acompanhamento para detecção precoce de sintomas ou aumento da área cardíaca

FC entre 35 – 50 bpm

INDICADO NOS DE MAIOR RISCO:

- aumento da área cardíaca

- QT prolongado

- Insuficiência cronotrópica

FC < 35 bpm

INDICADO A TODOS

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