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Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita

Última revisão: 01/03/2011

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Reproduzido de:

DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista [Link Livre para o Documento Original]

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Vigilância em Saúde

Departamento de Vigilância Epidemiológica

8ª edição revista

BRASÍLIA / DF – 2010

 

Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita

 

CID 10: B06 e CID 10: P35.0

 

RUBÉOLA

Aspectos Clínicos E Epidemiológicos

Descrição

Doenca exantemática viral aguda, caracterizada por febre baixa e exantema maculopapular, que se inicia na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se para tronco e membros. Este exantema e, precedido, em 5 a 10 dias, por linfadenopatia generalizada, principalmente suboccipital, pós-auricular e cervical posterior. Adolescentes e adultos podem apresentar poliartralgia, poliartrite, conjuntivite, coriza e tosse. Cerca de 25 a 50% das infecções pelo vírus da Rubéola são subclínicas, ou seja, não apresentam sinais e sintomas clínicos característicos da doenca. Tem curso benigno e toda sua importância epidemiológica esta relacionada à Síndrome da Rubéola Congênita (vide capitulo especifico), quando a doenca ocorre nos cinco primeiros meses da gestação que pode resultar em aborto, natimorto, malformações congênitas (cardiopatias, surdez, catarata).

 

Agente Etiológico

Vírus RNA, gênero Rubivirus, família Togaviridae.

 

Reservatório

O homem.

 

Modo de Transmissão

Direto, pelo contato com secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas.

 

Período de Incubação

De 14 a 21 dias, com duração média de 17 dias, podendo variar de 12 a 23 dias.

 

Período de Transmissibilidade

De 5 a 7 dias antes do início do exantema é de 5 a 7 dias após.

 

Diagnóstico

Clínico, laboratorial e epidemiológico. O teste mais utilizado é o ensaio imunoenzimático (ELISA) para detecção de anticorpos específicos IgM e IgG e/ou pela identificação do vírus a partir de secreção nasofaríngea e urina, até o 7o dia do início do exantema. A coleta de sangue deve ser feita logo no primeiro contato com caso suspeito. Aquelas coletadas após 28 dias são consideradas tardias, mas, mesmo assim, devem ser aproveitadas e encaminhadas ao laboratório de referencia estadual para a realização da pesquisa de IgM. É importante ressaltar que resultados não reagentes para IgM não descartam a possibilidade de infeccao recente pelo vírus da Rubéola. Não está indicada, na rotina do pré-natal, a realização de pesquisa sorológica para Rubéola em gestantes que não apresentam sintomas da doenca.

 

Interpretação dos resultados do exame sorológico

Quadro 26. Rubéola pós-natal (exceto gestante)

Coleta da amostra

Resultado

Classificação do caso

Até 28 dias

IgM +

Confirmar o caso

IgM –

Descartar o caso

Após 28 dias

IgM +

Confirmar o caso

IgM –

Embora não se possa afirmar que não houve infecção recente, descartar o caso

 

Quadro 27. Rubéola em gestante sintomática

Coleta da amostra

Resultado

Classificação do caso

Do 1º ao 4º dia

IgM +

Confirmar o caso

IgM –

Realizar pesquisa de IgG

IgG +

Descartar o caso

IgG –

Colher 2ª amostra após 7 a 21 dias da 1ª

Do 5º ao 28º dia

IgM +

Confirmar o caso – acompanhar

IgM –

Descartar o caso

Após 28 dias

IgM +

Confirmar o caso

IgM –

Não se pode afirmar que não houve infecção; realizar IgG

IgG +

Confirmar o caso

IgG –

Descartar o caso

 

Quadro 28. Gestante assintomática contato de Rubéola

Coleta da amostra

Resultado

Classificação do caso

Até 28 dias

IgM +

Acompanhar – recém-nascido (RN) suspeito de SRC

IgM –

Realizar pesquisa de IgG

IgG +

Gestante não suscetível

IgG –

Colher 2ª amostra entre 4ª e 6ª semanas (29 a 42 dias) após o contato

2ª amostra

IgM +

Acompanhar RN suspeito de SRC

IgM –

Vacinar após o parto

Entre 29 e 42 dias

IgM +

 Acompanhar RN suspeito de SRC

IgM –

Realizar pesquisa de IgG

Após 43 dias

IgM +

Acompanhar RN suspeito de SRC

IgM –

 Realizar pesquisa de IgG

IgG +

Não se pode afirmar que houve infecção. Acompanhar RN suspeito de SRC

IgG –

Vacinar após o parto

 

Não existem indicações para solicitar e realizar exame de rotina no pré-natal para Rubéola em gestantes. Caso seja realmente necessário fazer o exame e a gestante, além de assintomática, não apresente historia de contato prévio com alguma doenca exantemática e nem registro da vacina na carteira de vacinação, devera ser realizada a pesquisa de IgG que, sendo negativa, orienta vacinação pós-natal; se positiva, indica imunidade.

O material a ser colhido é sangue venoso sem anticoagulante, na quantidade de 5 a 10 ml. Nos casos de criança muito pequena, nos quais não seja possível coletar o volume estabelecido, obter no mínimo 3 ml. após a separação do soro, conservar em refrigerador entre 4° a 8°C, por no máximo 48h. O tubo deve ser acondicionado em embalagem térmica ou caixa de isopor com gelo ou gelox e enviado ao laboratório, no prazo máximo de 2 dias. Caso não seja possível enviar nesse periodo, conservar a amostra no freezer a -20°C até o momento do envio ao laboratório, o que deve ocorrer no prazo máximo de 5 dias. Para identificação viral, coletar secreção nasofaríngea (SNF). Nesse caso, colher uma amostra em cada narina e outra da orofaringe.

 

Características Epidemiológicas

Em 2002, ocorreram 1.480 casos de Rubéola no Brasil, o que corresponde a um decréscimo de 95%, quando comparado à incidência de 1997. As taxas de incidência no sexo feminino, em 2002, ficaram em 1/100.000 mulheres tanto na faixa etária de 15 a 19, como de 20 a 29 anos. Em 2003, foram confirmados 563 casos de Rubéola entre os 16.036 casos suspeitos notificados; em 2004, foram confirmados 401 casos; em 2005, 233 casos, com um surto de Rubéola no Rio Grande do Sul, com 44 casos confirmados e com a identificação do genótipo 1D, que circulava na Europa. Em 2006, houve um incremento no numero de casos confirmado, passando para 1.317 casos confirmados e surtos nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceara e São Paulo; o vírus identificado foi o D4. Em 2007, o numero de casos confirmados aumentou para 8.753, um incremento de 81%, sendo que desses, 8.145 (93%) foram confirmados pelo critério laboratorial. após a intensificação da vigilância epidemiológica e a vacinação de bloqueio ampliada, em 2008, o numero de casos confirmados diminui em 77%, quando ocorreram 2.005 casos de Rubéola, e desses 1.854 (92,5%) encerrados pelo critério laboratorial. Durante 2008, o Brasil realizou-se uma ampla campanha de vacinação contra Rubéola quando foram imunizados 65,9 milhões de pessoas atingindo-se cobertura 94,06% da população meta. Este esforço tem o propósito de eliminar a circulação do vírus da Rubéola com vistas a se evitar os casos da SRC.

 

Vigilância Epidemiológica

Objetivos

Identificar a circulação do vírus da Rubéola com vistas a adotar medidas de contenção. Detectar e investigar os casos suspeitos da SRC.

 

Notificação

Doenca de notificação compulsória e investigação obrigatória.

 

Definição de Caso

Suspeito

Caso suspeito de Rubéola é todo paciente que apresente febre e exantema maculopapular, acompanhado de linfadenopatia retroauricular, occipital e cervical, independente da idade e situação vacinal, ou todo individuo suspeito com historia de viagem ao exterior nos últimos 30 dias ou de contato, no mesmo periodo, com alguém que viajou ao exterior.

 

Confirmado

     Laboratorial - Quando a interpretação dos resultados dos exames sorológicos for positiva para Rubéola.

     Vínculo epidemiológico - Quando o caso suspeito teve contato com um ou mais casos de Rubéola, confirmados por laboratório, e que apresentou os primeiros sintomas da doenca entre 12 a 23 dias após a exposição ao caso.

     Clínico - Quando há suspeita clínica de Rubéola, mas a investigação epidemiológica e laboratorial não foram realizadas ou concluídas. Como o diagnostico de Rubéola não pode ser confirmado nem descartado com segurança, esse caso representa uma falha do sistema de vigilância epidemiológica.

 

Descartado

     Laboratorial - Quando o resultado do exame laboratorial:

-      for negativo para IgM especifica para Rubéola;

-      for positivo para outra doenca;

-      em duas amostras pareadas, não detectar soroconversão dos anticorpos IgG.

 

Quando o resultado for IgM negativo em amostra tardia, o caso é descartado apenas se não for gestante.

 

     Vínculo epidemiológico - Quando o caso tiver como fonte de infeccao um ou mais casos descartados pelo critério laboratorial ou quando, na localidade, ocorrerem outros casos, surtos ou epidemia de outra doenca exantemática febril, confirmada por diagnostico laboratorial.

     Clínico - Caso suspeito de Rubéola em que não houve coleta de amostra para exame laboratorial, mas a avaliação clínica e epidemiológica detectou sinais e sintomas compatíveis com outro diagnostico diferente da Rubéola.

     Com associação temporal à vacina - A avaliação clínica e epidemiológica indica uma associação temporal entre a data do início dos sintomas e a data do recebimento da ultima dose da vacina, com o componente contra a Rubéola, mesmo que não tenha sido realizada coleta de amostra. Os critérios para descarte como associação temporal a vacina são os seguintes:

-      febre com temperatura que pode chegar a 39°C ou mais, com início entre o 5º e o 12º dias após a vacinação e duração média de 1 a 2 dias, podendo chegar até 5 dias;

-      exantema que dura de 1 a 2 dias, sendo geralmente benigno, e que surge entre o 7º e o 10º dias, após a administração da vacina;

-      cefaleia ocasional, irritabilidade, conjuntivite ou manifestações catarrais observadas, entre o 5º e o 12º dias após a vacinação;

-      linfadenopatias que se instalam entre o 7o e o 21o dias após a data de vacinação.

 

Classificação dos casos confirmados de Rubéola, de acordo com a fonte de infecção

     Caso importado de Rubéola - Caso cuja infecção ocorreu fora do país durante os 12 a 23 dias prévios ao surgimento do exantema, de acordo com a analise dos dados epidemiológicos ou virológicos. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente.

     Caso relacionado com importação - Infecção contraída localmente, que ocorre como parte de uma cadeia de transmissão originada por um caso importado, de acordo com a analise dos dados epidemiológicos e/ou virológicos.

     Caso com origem de infecção desconhecida - Caso em que não foi possível estabelecer a origem da fonte de infeccao após a investigação epidemiológica minuciosa.

     Caso índice - Primeiro caso ocorrido entre vários casos de natureza similar e epidemiologicamente relacionados, sendo a fonte de infeccao no território nacional. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente

     Caso secundário - Caso novo de sarampo surgido a partir do contato com o caso índice. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente.

     Caso autóctone - Caso novo ou contato de um caso secundário de Rubéola após a introdução do vírus no país. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente. O vírus identificado deve circular no país por mais de 12 meses. Assim, o país deixa de ser uma área livre da circulação do vírus autóctone.

 

Medidas de Controle

Vacinação

A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência da Rubéola na população, sendo sua principal medida de controle. Esquema básico: uma dose da vacina tríplice viral (sarampo, Rubéola e caxumba), aos 12 meses de idade, e uma 2a dose, entre 4 a 6 anos de idade. Em situação com alto risco de infeccao (na notificação de casos suspeitos de Rubéola e na suspeita de surtos), a vacinação de bloqueio deve ser realizada envolvendo o grupo de 6 meses a 39 anos de idade, seletivamente. Via de administração: a vacina tríplice viral e administrada por via subcutânea, de preferencia na face externa da parte superior do braço (região deltoide).

     Falsas contraindicações - Alergia e intolerância, que não sejam de natureza anafilática, a ingestão de ovo; contato íntimo com pacientes imunodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a poliomielite; exposição recente a Rubéola.

     Situações em que se recomenda o adiamento da vacinação - Gravidez, tratamento com imunodepressores (corticoterapia, quimioterapia, radioterapia, etc.). Nessas circunstancias, adiar até 3 meses após a suspensão de seu uso, pela possível inadequação da resposta; vigência de doenca aguda febril grave, atribuída ou confundida com possíveis efeitos adversos da vacina.

 

Investigação Epidemiológica

     Objetivos – Obter informações detalhadas e uniformes para todos os casos suspeitos de Rubéola, com o preenchimento da ficha de investigação epidemiológica; visitar imediatamente o domicilio para coleta de sangue e complementação dos dados da ficha; identificar outros possíveis casos suspeitos, realizando extensa busca ativa; aprazar e realizar a revisita para avaliar a evolução do caso; classificar o caso conforme os critérios estabelecidos; avaliar a cobertura vacinal e desencadear imediatamente as ações de controle.

-      Bloqueio vacinal: a partir de todo caso suspeito, abrangendo as pessoas do mesmo domicilio, vizinhos, creches, salas de aula, alojamentos, sala de trabalho, etc.

-      Operação limpeza: deve ser realizada a partir de todo caso confirmado, devendo ser ampliada para a vizinhança, bairro ou até município, conforme a avaliação realizada. Tanto para o bloqueio, como para a operação limpeza, a faixa etária prioritária devera ser a de 6 meses a 39 anos de idade.

-      Isolamento de casos: o isolamento domiciliar dos casos pode diminuir a intensidade dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a frequência a escolas ou creches, agrupamentos ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, em especial as gestantes, até 4 dias após o início do periodo exantemático. A vigilância dos contatos deve perdurar por 7 a 18 dias.

     Comunicantes – Gestantes expostas devem ser avaliadas sorologicamente, acompanhadas e orientadas, quando necessário (vide capitulo Síndrome da Rubéola Congênita).

     Isolamento – Crianças e adultos com Rubéola pós-natal devem ser afastados de atividades habituais durante o periodo de transmissibilidade. Gestantes suscetíveis devem ser afastadas do contato com casos e comunicantes durante o periodo de transmissibilidade e incubação da doenca.

     Pessoas hospitalizadas – Isolamento de contato.

 

SÍNDROME DA RUBÉOLA CONGÊNITA

Aspectos Clínicos e Epidemiológicos

Descrição

A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC), geralmente, é uma condição clínica grave. A infeccao da placenta e viremia fetal ocorrem em cerca de 40 a 60% das mulheres gravidas infectadas com o vírus da Rubéola, principalmente durante as primeiras semanas de gestação (primeiras nove semanas). Esse vírus tem tropismo por células em formação (embriogênese) e quanto mais precoce a idade gestacional, mais elevadas são as taxas de malformações congênitas: estima-se que, nas primeiras 8 semanas de gestação, 90% dos recém-nascidos (RN) sejam portadores da SRC (com múltiplos defeitos); 80%, até a decima semana de gestação; e 35%, entre a decima primeira e decima segunda semana de gestação. após esse periodo, a ocorrência da doenca fetal declina e, da decima sexta a vigésima semana, somente se registra sofrimento fetal. Os principais sinais e sintomas da infeccao intrauterina são aborto espontâneo, prematuridade, baixo peso, malformação congênita de grandes órgãos e sistemas, como olhos (microftalmia, retinopatia, glaucoma e catarata), deficiência auditiva, coração (persistência de ducto arterial, defeitos do tabique interauricular e interventricular, estenose ou hipoplasia da artéria pulmonar), e alterações neurológicas (meningoencefalite, retardo mental), purpura, esplenomegalia, osteopatia radiolúcida, dentre outros. É possível a ocorrência de formas tardias e leves que se manifestam como surdez parcial, pequenas deficiências cardíacas, diabetes melito, pancreatite progressiva, dentre outras, só diagnosticadas muitos anos após o nascimento.

 

Agente Etiológico

Vírus RNA, gênero Rubivirus, familia Togaviridae.

 

Reservatório

O homem.

 

Modo de Transmissão

A infeccao é adquirida por via intrauterina (transmissão vertical).

 

Período de Incubação

Não há periodo definido.

 

Período de Transmissibilidade

Lactentes com SRC podem eliminar o vírus através das secreções nasofaríngeas, sangue, urina e fezes, por até 1 ano após o nascimento.

 

Diagnóstico

Clínico, epidemiológico e laboratorial. O feto infectado é capaz de produzir anticorpos específicos da classe IgM e IgG para Rubéola, antes mesmo do nascimento. A presença de anticorpos IgM específicos para Rubéola no sangue do recém-nascido e evidencia de infeccao congênita, haja vista que esse tipo de imunoglobulina não ultrapassa a barreira placentária. Os anticorpos IgM podem ser detectados em 100% das crianças com SRC, até o 5o mês; em 60%, entre 6 a 12 meses; e em 40%, de 12 a 18 meses. Raramente são detectados após o 18o mês. Anticorpos maternos da classe IgG podem ser transferidos passivamente ao feto através da placenta, sendo portanto encontrados em recém-nascidos normais de mães imunes a Rubéola. Não é possível diferenciar os anticorpos IgG maternos dos produzidos pelo próprio feto, quando o mesmo é infectado na vida intrauterina. Como a quantidade de IgG materno transferido ao feto vai diminuindo com o tempo, desaparecendo por volta do 6o mês, a persistência dos níveis de anticorpos IgG no sangue do RN é altamente sugestiva de infeccao intrauterina.

A investigação laboratorial de casos suspeitos de SRC se faz colhendo uma amostra de sangue do RN para realização dos testes sorológicos logo após o nascimento, quando há suspeita ou confirmação de infeccao materna durante a gestação, ou no momento da suspeita diagnostica, nas crianças menores de 1 ano.

 

Quadro 29. Diagnóstico laboratorial de caso suspeito de SRC

Período da coleta

Pesquisa

Resultado

Conduta

Logo após o nascimento ou quando da suspeita de SRC

IgM

Positivo

Confirmar o caso

Negativo

Realizar pesquisa de IgG no mesmo soro

IgG

Positivo

Coletar 2ª amostra após 5 meses de vida

Negativo

Descartar o caso

Após 5 meses da 1ª coleta

IgG

Se o IgG mantiver o título anterior ou maior

Confirmar o caso

Se houver queda acentuada do título de IgG, comparado com o anterior

Descartar o caso

* Recém-nascido cuja mãe teve diagnóstico confirmado de rubéola, durante a gestação, ou lactente com suspeita de SRC.

 

Observação: Se a mãe não foi investigada anteriormente, realizar a pesquisa de IgM e IgG.

O tempo e a técnica de coleta da secreção nasofaríngea são os mesmos adotados para a Rubéola.

A sorologia é realizada através da detecção de IgM no recém-nascido ou pelo acompanhamento dos níveis de IgG, durante um periodo mais prolongado (de alguns meses a até 2 anos de idade). O achado de níveis de IgG estáveis ou elevados confirma o diagnostico. A queda de anticorpos IgG sugere a presença de anticorpos maternos em declínio.

 

Identificação do Vírus

Pode ser realizada a partir de secreções nasais, sangue, urina e líquor com inoculação em cultura celular. A coleta desse material devera ser realizada sempre que o resultado sorológico indicar a presença de anticorpos IgM para Rubéola.

 

Diagnóstico Diferencial

Com outras infecções congênitas: parvovírus B19, toxoplasmose, sífilis, malária, citomegalovírus, herpes, varicela-zoster, HIV, hepatite B, enterovírus, dentre outras.

 

Tratamento

Não há tratamento especifico.

 

Características Epidemiológicas

Antes da introdução da vacina nos programas de imunização, ocorriam surtos de Rubéola a cada 3 – 6 anos, com consequente aumento no numero de casos da SRC nesses períodos. No Brasil, a vacina tríplice viral (Rubéola, Sarampo e caxumba) foi implantada de forma gradativa, tendo sido iniciada em 1992, no estado de São Paulo, estendida para a totalidade das demais unidades federadas em 2000. Em 1992, foram notificados 2.286 (1,5/100.000 habitantes) casos de Rubéola. Em 1997, a incidência desta doenca atingiu 20,6/100.000 habitantes, declinando, em 1999-2000, para 9,9/100.000. até 1999, a maior incidência foi observada em menores de 15 anos. Em 1999 e 2000, embora tenha havido redução na incidência desta virose, observou-se elevação no numero de casos na faixa etária de 15 a 29 anos. Esse deslocamento de faixa etária, possivelmente, está relacionado à introdução gradual da vacinação e elevadas coberturas vacinais (95%) atingidas na faixa etária de 1 a 11 anos, entre os anos de 1992 a 2000. Entre o periodo de 2006 e 2007, foram confirmados 20 casos de SRC, em decorrência de surtos de Rubéola ocorridos no país. Com o objetivo de eliminar a ocorrência desta síndrome no país, foi realizada, em 2008, campanha de vacinação em massa (vacina dupla viral - VD), para a faixa etária de 12 a 39 anos de idade.

 

Vigilância Epidemiológica

Objetivos

Conhecer a magnitude da SRC e avaliar o impacto das estratégias de vacinação. Detectar, notificar e investigar os casos suspeitos. Orientar sobre as medidas de controle adequadas e divulgar informações.

 

Notificação

Doenca de notificação compulsória e de investigação obrigatória.

 

Definição de Caso

     Caso suspeito - Todo recém-nascido cuja mãe foi caso suspeito ou confirmado de Rubéola durante a gestação, ou toda criança de até 12 meses, independente da historia materna, que apresente sinais clínicos compatíveis com infeccao congênita pelo vírus da Rubéola, ou complicações de forma isolada ou associada, tais como catarata, glaucoma, cardiopatia, surdez. Deve-se destacar que a analise dos casos confirmados de SRC notificados no Brasil evidenciou que prematuridade e baixo peso estão presentes em 80% dos mesmos.

     Caso confirmado por laboratório - O caso suspeito é confirmado quando se identifica malformações congênitas e, pelo menos, uma das seguintes condições: presença de anticorpos IgM específicos; titulo de anticorpos da classe IgG, detectados através de ensaio imunoenzimático (Elisa), mantidos persistentemente elevados ou acima do esperado pela transferência passiva de anticorpos maternos, detectados em amostras pareadas, com intervalo de 6 meses.

     Caso confirmado pela clínica- Quando os resultados laboratoriais forem insuficientes para a confirmação do diagnostico e o recém-nascido ou criança de até 12 meses apresentar prematuridade e/ou baixo peso mais os seguintes sinais clínicos ou complicações, de forma isolada ou associada: catarata/glaucoma congênita ou cardiopatia congênita ou surdez. é preconizado que todos os casos suspeitos de SRC tenham amostras coletadas para se proceder ao diagnostico laboratorial.

     Aborto ou perda fetal devido à infecção pelo vírus da rubéola - Caso de abortamento ou de natimorto resultante de gestação durante a qual se comprovou a ocorrência de Rubéola materna, independente de confirmação de afecção no feto. Nessas situações informar, na ficha de investigação epidemiológica das Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola, a ocorrência do aborto ou natimortalidade, no campo das Observações Adicionais (Sinan NET).

     Caso descartado - Quando cumprir uma das seguintes condições: títulos de IgM e IgG ausentes em menores de 12 meses; títulos de IgG ausentes na mãe; títulos de IgG diminuindo em velocidade compatível com a transferência de anticorpos maternos detectados por ensaio imunoenzimático, a partir do nascimento; quando, por qualquer motivo, os resultados do exame sorológico do recém-nascido não estiverem disponíveis e os dados clínicos forem insuficientes para confirmar o caso pela clínica.

 

Medidas de Controle

     Redução da circulação do vírus da rubéola mediante alcance e manutenção de altas coberturas vacinais em crianças (tríplice viral) e em adultos (dupla viral) - Os componentes da vacina são altamente imunogênicos, seguros e eficazes, quando administrados a partir de 1 ano de idade. A proteção inicia-se 2 semanas após a aplicação e a sua eficácia é superior a 95% para Sarampo, Rubéola e caxumba. A duração da proteção é duradoura, provavelmente por toda a vida.

     Esquema básico - 1 dose da vacina tríplice viral (Sarampo, Rubéola e caxumba), aos 12 meses de idade, e a segunda dose entre 4 a 6 anos de idade. Os adolescentes devem ter um mínimo de 2 doses da vacina.

     Vacinação de bloqueio - Deve ser realizada, de forma oportuna, a partir da notificação de casos suspeitos ou de surtos, envolvendo o grupo de 6 meses a 39 anos de idade, seletivamente. Atentar que, para crianças vacinadas entre os 6 a 11 meses, essa dose não deve ser considerada para rotina; nesses casos, deve-se reprogramar a vacinação a partir dos 12 meses de idade.

     Via de administração - A vacina tríplice viral é administrada por via subcutânea, de preferencia na face externa da parte superior do braço (região deltoide).

     Contraindicações e precauções - As vacinas virais atenuadas não devem ser aplicadas em indivíduos com imunodeficiência congênita ou adquirida; com neoplasias; historia de reação anafilática em dose anterior (contra Sarampo ou Rubéola ou caxumba) ou a qualquer componente da vacina.

-      Falsas contraindicações: HIV positivos, assintomáticos, contato intimo com pacientes imunodeprimidos; vacinação recente com a vacina oral contra a Poliomielite; exposição recente ao Sarampo.

-      Situações em que se recomenda o adiamento da vacinação – tratamento com imunodepressores (corticoterapia, quimioterapia, radioterapia, etc.). Nessas circunstancias, adiar até 3 meses após a suspensão de seu uso, pela possível inadequação da resposta imunológica; uso de sangue ou seus derivados - recomenda-se que as pessoas só sejam vacinadas após 3 meses da data da transfusão; vigência de doenca aguda febril grave, para que sinais e sintomas agravados não sejam atribuídos ou confundidos como efeitos adversos da vacina. Durante a gravidez de maneira geral, não se recomenda a administração de vacinas de vírus vivo atenuados. As mulheres grávidas deverão ser orientadas a procurar a unidade de saúde logo após o parto ou aborto, para serem vacinadas. Recomenda-se, também, por precaução, que mulher em idade fértil vacinada, deve adiar a gestação por 30 dias. Ressalta-se que estudos realizados até o momento, acompanhando mulheres gravidas vacinadas inadvertidamente com a vacina contra a Rubéola, não observaram malformações compatíveis com a SRC.

 

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